História da BE

 

A BIBLIOTECA DO COLÉGIO DE NOSSA SENHORA DA APRESENTAÇÃO.


A biblioteca do Colégio de Calvão tem as suas origens nos anos oitenta do século passado
    Confinada a um espaço reduzido de oito metros quadrados a biblioteca tinha apenas uma estante e uma secretária. Os alunos do Colégio podiam visitá-la e requisitar livros. As requisições eram manuscritas, nada informatizadas.
    A estante tinha poucos livros. Do seu acervo constavam livros do antigo seminário de Calvão. Havia que embelezá-la e preencher o espaço desocupado.
O que fazer para “embelezar” a estante pouco preenchida? Livros havia apenas os que tinham pertencido ao seminário e pouco mais. Não havia livros em quantidade suficiente para os leitores do Colégio. A “verba disponível “ para adquirir livros era tão pequenina “que mal cabia na palma da mão”. A época era de FMI. Contenção de despesas …
    Um recem licenciado em latim e grego, o Luís, bibliófilo de gema, queria e conseguiu pôr termo à falta de livros. Encontrou a solução colmatar a falta de livros. Uma carrinha Citroên Hy, cinzenta. Mensalmente, a biblioteca itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian visitava o Colégio de Nossa Senhora da Apresentação. Livros requisitados, livros lidos, livros devolvidos. Para as relíquias do seminário ou comprados a conta gotas o espaço de oito metros quadrados tornou-se exíguo. Finalmente havia falta de espaço para acomodar livros.
    Os anos noventa anunciavam o fim do século XX. Anunciavam, também, a mudança do espaço físico da biblioteca do Colégio. Construíram-se novas instalações que fecharam o pátio principal. Foi então criado o novo espaço bem maior do que o da salinha de oito metros quadrados. Estantes pintadas de branco, envidraçadas, livros a ocuparem a quase totalidade das prateleiras, mesas de leitura, cadeiras, plantinhas verdes no peitoril das janelas constituíam a nova biblioteca. No espaço bem mais amplo havia muito mais leitores que procuravam informação complementar ao estudo ou apenas leitura recreativa.    
    Entre um parágrafo e outro, a leitura ou o estudo eram interrompidos pelo sussurro da troca de ideias. Ouviam-se “chiussss” atenuantes das mesmas. Os chiusss, prolongados ou não, eram bem entendidos e mesmo que por poucos minutos a calma ocupava o lugar dos sussurros. A calma dos sussurros e dos “chiuss” prolongados eram interrompidos em hora de ponta.
    A requisição de livros foi, durante algum tempo, controlada por recibos manuscritos tal como tinha acontecido no espaço anterior. Porém, o número de leitores tinha aumentado consideravelmente. Tornou-se difícil anotar as requisições, controlar as entradas e saídas de livros. Em hora de ponta as solicitações triplicavam “Ó Marília quero requisitar …”, “ Marília venho entregar … “ “ … tens de pagar multa... Só há mais um exemplar… o teu nome? Turma?... “
    As necessidades da comunidade educativa aumentaram da mesma forma que o espólio livreiro do Colégio. Esse espólio ainda assim estava aquém das outras bibliotecas escolares mas nela constavam maços de folhas em Braile. Novamente o espaço diminuiu em relação à necessidade. Nos primeiros anos do século XXI, o espaço do refeitório ficou disponível para acolher as estantes brancas, livros, manuais escolares, enciclopédia luso brasileira, o dicionário de história de Portugal, livros de diversos autores portugueses e estrangeiros, revistas, mesas de leitura, cadeiras e mais estantes.
Os alunos frequentam-na, procuram informação, realizam tarefas de estudo. Nesse espaço maior continuam a dar asas para o voo no conhecimento, para o mundo da imaginação.
     A requisição manuscrita finalmente deu lugar à requisição informática. A catalogação manual de livros foi sendo substituída pela catalogação informática. Com o tempo as tarefas foram-se tornando mais fáceis com a informatização.
    A biblioteca do colégio faz parte da rede de bibliotecas do concelho, desde 2009. Partilha o seu espólio com outras bibliotecas, colabora em eventos, não está restrita ao espaço físico onde se encontra. É uma biblioteca aberta ao mundo e ao conhecimento.

Lúcia Alcatrão