Que lugar para a biblioteca, no Projeto Educativo do colégio?

25-01-2012 09:55

QUE LUGAR PARA A BIBLIOTECA, NO PROJETO EDUCATIVO DO COLÉGIO?


No colégio de Calvão, em 1987, o primeiro espaço a que se chamou biblioteca tinha 6 m2 e era um depósito de 100 livros pertencentes ao serviço itinerante de bibliotecas da Fundação Calouste Gulbenkian. Tratava-se de livros de ficção que os alunos podiam requisitar e levar para suas casas.
Atualmente, a biblioteca do colégio é um espaço físico amplo com cerca de 300m2, central em relação ao conjunto de edifícios da escola e equipado com uma grande variedade de recursos que favorecem o desenvolvimento de competências relacionadas com as mais diversas áreas do conhecimento e da cultura. É o serviço da escola que abre mais cedo e que fecha mais tarde, para que os alunos possam tirar dele o maior proveito possível. É também um serviço proporcionado com muita dedicação e competência pelas pessoas que o realizam.
Os nossos principais esforços vão no sentido de fazer com que a biblioteca escolar, em articulação com os demais serviços proporcionados pela escola, contribua para despertar a curiosidade e o gosto pelo conhecimento, auxiliando a comunidade educativa (pais, educadores escolares, responsáveis políticos, sociedade em geral) a ter hábitos que constituam uma verdadeira cultura de sabedoria, de modo a educar pessoas livres. Conforme refere Abbé Pierre, “as transformações estruturais que poderão provocar o aparecimento de uma sociedade mais fraterna apoiam-se em mudanças individuais, porque o princípio dos princípios é a libertação interior e só é verdadeiramente livre o que se domina voluntariamente para obedecer às regras justas, íntimas e comunitárias”.
A nossa visão de biblioteca relaciona-se também com as palavras de Saint-Exupéry, quando afirma que “faz uma ideia lamentável da cultura do espírito quem está convencido de que ela repousa no conhecimento de fórmulas ou na memória de resultados adquiridos. Embora um aluno medíocre que frequente agora a Faculdade de Ciências possa saber mais acerca das leis da natureza do que Descartes, Pascal e Newton, continua a não alcançar as diligências de espírito de que eles foram capazes, porque estes, em primeiro lugar, cultivaram-se. Pascal é principalmente um estilo. Newton é principalmente um homem. Tornou-se um espelho do universo. Viu que falavam a mesma linguagem, quer a maçã madura que cai num prado, quer as estrelas das noites de julho. Foi um daqueles homens que conseguiram descobrir que só respiramos quando nos encontramos ligados aos outros por um fio comum que se situa fora de nós.”
Esperamos que o trabalho desenvolvido na biblioteca escolar do colégio, como parte integrante do seu Projeto Educativo, possa contribuir para o desenvolvimento de uma cultura que forme pessoas assim.


Luís Oliveira